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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Resenha: LIMA, Elvira Souza. Quando a criança não aprende a ler e a escrever. São Paulo: Sobradinho, 2003, 32p.

Elvira Souza Lima é pesquisadora e conceituada conferencista na área de desenvolvimento humano, com formação em neurociências, psicologia, antropologia e música. Trabalha com pesquisa aplicada às áreas de educação, mídia e cultura. Tem várias publicações, entre elas "A criança pequena e suas linguagens", “Desenvolvimento e aprendizagem na escola”, “Ciclos de formação”, “Avaliação na escola”, "Práticas culturais e aprendizagem", "Brincar para quê?" e outras.

A obra “Quando a criança não aprende a ler e a escrever” é uma leitura recomendada para professores de Educação Infantil, alfabetizadores, professores das séries iniciais do Ensino Fundamental, professores do curso de Formação de Docentes em nível médio e Curso de Pedagogia.

A autora apresenta de modo resumido aspectos básicos que devem ser levados em consideração ao se avaliar por que a criança em fase de alfabetização não está apresentando resultados satisfatórios na aquisição da leitura e da escrita.

Lima inicia o texto destacando a escrita como uma produção cultural, cujo ensino requer uma organização sistematizada e intencional. Denuncia que muitas vezes a criança não aprende (apresenta dificuldades no processo de leitura e escrita) devido à metodologia de ensino ser inadequada aos seus processos de desenvolvimento e não considerar a escrita como um sistema estruturado. Para Lima, p. 5 “Toda criança pode aprender a ler e a escrever, mas não em qualquer situação”. Segundo a pesquisadora, para a compreensão da não aprendizagem do alfabetizando, o ponto de partida é uma avaliação que contemple todos os fatores envolvidos no processo dessas habilidades. Devem-se averiguar as aquisições já concretizadas, as que estão em processo e as que devem ocorrer em seguida. Essa ação deve propiciar um momento de reflexão para que o alfabetizador possa reorganizar sua prática. O planejamento deve ser consistente, evitando-se: palavras soltas, descontinuidade entre as atividades, desconsideração do desenvolvimento léxico dos alfabetizandos e não levar em conta os processos da imaginação do aluno para atribuir significação às palavras, imagens, que permitam a elaboração de uma frase, um texto. O ensino da leitura e da escrita deve ser elaborado de acordo com a experiência cultural da criança. Adverte que uma das funções da Educação Infantil deve ser aproximar as crianças do material escrito. Para a autora, muitas crianças que não aprendem a escrever têm dificuldade porque não tiveram o devido tempo para se apropriarem dos instrumentos de escrita ou porque foram forçadas a escreverem com quatro ou cinco anos. Pela ênfase colocada na produção da escrita no papel, muitas dessas crianças chegam até o final das séries iniciais escrevendo com dificuldade. Apresentam traçados irregulares e imprecisos, problema de segmentação, troca de letras e outros problemas de escrita.

O texto destaca ainda a importância da percepção de cada letra do alfabeto, pela criança, como ponto de partida para compreensão da escrita. Neste aspecto é necessária uma intervenção adequada pelo professor alfabetizador para que ela perceba as características de cada letra, reconhecendo todo o alfabeto. Apenas visualizar escritos expostos na sala de aula é insuficiente para que o aluno consiga escrever.

O último ponto levantado pela autora é a relação da experiência emocional da criança com o aprendizado da leitura e da escrita. A história de fracasso vivida pela criança ou pelo adulto nessa aquisição é muito negativa para sua afirmação pessoal. Por isso, alerta que a escola deve acolher o aluno de classe popular que chega até ela para se alfabetizar, pois são os alunos de menor poder aquisitivo que engrossam a fila dos reprovados.

Consideramos essa obra uma leitura da maior importância para todos os que precisam e querem entender o porquê das dificuldades encontradas pela criança ou pelo adulto no processo de aquisição da escrita. Uma reflexão, sobre os pontos levantados pela autora neste texto, pelos professores alfabetizadores, que pode muito contribuir para a melhoria do ensino da leitura e da escrita na escola, uma vez que essa reflexão sem dúvida poderá desencadear uma prática pedagógica coerente com o processo de desenvolvimento e a experiência cultural do aluno. O ensino da leitura e da escrita deve ser considerado como um processo global influenciado por diversos fatores: o próprio aluno, escrita como um legado cultural, a qualidade da mediação do professor e sua formação, a organização do espaço e tempo e a instituição escolar.

Os professores se queixam que vários alunos, mesmo chegando ao Ensino Fundamental e médio ainda apresentam sérios problemas de escrita. Sabemos que este problema se torna ainda mais grave porque a escola não está sabendo como auxiliar seus alunos a superarem os problemas nesta área, nem tem consciência de que auxiliá-los a corrigirem essas deficiências seja função não apenas do professor alfabetizador, mas também dos professores das séries posteriores à fase de alfabetização.

Autora da resenha: Profª Maria Simões de Brito

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