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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Lúdico na alfabetização

A Importância do Lúdico na Alfabetização Infantil


Por Jiane Martins Soares

RESUMO

Este artigo tem como objetivo analisar as contribuições do lúdico no trabalho com a alfabetização sob a luz da psicologia educacional. A relevância do lúdico no desenvolvimento da criança tem sido demonstrada por inúmeros autores que atestam a sua importância já que proporciona muitas maneiras de levar a criança a aprender de forma motivada e significativa. Tendo como base uma pesquisa bibliográfica, onde autores como: Piaget (1978), Vygotsky (1984) e Antunes (1998) entre outros que apresentam estudos importantes sobre esta temática, este trabalho proporciona uma leitura significativa sobre a utilização dos jogos na educação. Em seu teor é possível fazer uma breve caminhada histórica sobre a inclusão do jogo no campo educacional, além de saber sobre algumas contribuições científicas deste recurso imprescindível no campo da alfabetização. Os resultados evidenciam o jogo e a brincadeira, pois fazem parte do processo de formação do ser humano, e, portanto, não podem ser excluídos como instrumentos didáticos no campo escolar, principalmente no período de alfabetização. Enfatiza também a necessidade do professor ter competência para utilizar o jogo, onde o planejamento e a base teórica não podem faltar ao utilizar o lúdico como recurso de ensino e aprendizagem.

Palavras-chave: Lúdico. Alfabetização. Educação. Aprendizagem.


1 - INTRODUÇÃO

O processo de alfabetização da criança no campo escolar ainda merece algumas reflexões, já que os avanços no ensino da leitura e da escrita inseridos no ambiente escolar estão longe de serem considerados excelentes. Caminhou-se bastante, porém, é preciso ir mais longe. A alfabetização tem sido alvo de muitas discussões no mundo atual, isto porque apesar do reconhecimento desse direito cidadão e das muitas medidas que vêm sendo tomadas para garanti-lo, ainda existem elevados índices de evasão e repetência escolar.

Portanto, construir um espaço, meios e tempo para que os educandos se alfabetizem através de atividades que lhes propiciem diferentes maneiras de alcançar o aprendizado da leitura e escrita é um compromisso, considerando que em nome da educação formal as crianças são monopolizadas cada vez mais cedo para atividades pouco criativas e inteligentes no espaço escolar, dificultando-lhes assim, o seu processo de alfabetização.

Ao ponderar a necessidade de uma postura interdisciplinar para entender as causas do não aprendizado da leitura e da escrita, acredita-se que a alfabetização possa ser construída através de atividades que permitam aos alunos comparar e reformular suas hipóteses, desenvolver habilidades e interação social. Uma possibilidade pode ser o uso de atividades lúdicas como um meio de superação das dificuldades de aprendizagem que possam vir a produzir o fracasso escolar.

Diante desta problemática, este artigo tem como objetivo analisar as contribuições do lúdico para a alfabetização sob a luz das teorias psicológicas. Para alcançar esta meta, a fundamentação teórica deste estudo irá abordar, além dos conceitos de alfabetização, o contexto histórico sobre a utilização do lúdico na educação. Além disso, evidenciam-se as inúmeras contribuições de Piaget (1978), Vygotsky (1984) e Antunes (1998) que contribuíram de forma relevante para com muitos educadores no trabalho com o lúdico na alfabetização. O papel do professor também será destacado já que este é um dos grandes responsáveis para que a utilização do lúdico como instrumento didático seja feito com eficiência e competência pedagógica.

1 - CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DO JOGO

Ao destacar o jogo como instrumento didático é possível constatar teoricamente inúmeras considerações e nomeações a seu respeito, onde se destacam algumas expressões como: jogos, brincadeiras, brinquedo, atividade lúdica e esporte. As linhas que separam os jogos, esportes, ginástica, brincadeiras ou danças são muito tênues, servindo mais para uma definição didática. Na visão de Brotto (2001, p. 12) não existe uma teoria completa do jogo, nem ideias admitidas universalmente, o autor apresenta uma síntese dos principais campos culturais e científicos onde os jogos são utilizados:

- Sociológico: influência do contexto social no quais os diferentes grupos de crianças brincam.
- Educacional: a contribuição do jogo para a educação; desenvolvimento e/ou aprendizagem da criança.
- Psicológico: o jogo como meio para compreender melhor o funcionamento da psique, das emoções e da personalidade dos indivíduos.
- Antropológico: a maneira como o jogo reflete, em cada sociedade, os costumes e a história da diferenças culturais.
- Folclórico: analisa o jogo como expressão da cultura infantil através das diversas gerações, bem como as tradições e costumes através dos tempos nele refletidos.

Mediante tais concepções compreende-se que o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas no meio cultural do povo, mas absolutamente obrigatórias dotadas de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentido de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida quotidiana. Nesta perspectiva, Brougére (2004, p. 16) complementa que:

A palavra "jogos" aplica-se mais às crianças e jovens, exclui qualquer atividade profissional, com interesse e tensão e, por isso, vai além dos jogos competitivos e de regras, podendo contemplar outras atividades de mesma característica como: histórias, dramatizações, canções, danças e outras manifestações artísticas.

Diante disto, percebe-se que o jogo constitui-se numa atividade primária do ser humano. É principalmente na criança que se manifesta de maneira espontânea; alivia a tensão interior e permite a educação do comportamento. Sendo assim, verifica-se que o jogo auxilia no desenvolvimento físico, mental, emocional e social do sujeito.

Como forma de referendar a importância do jogo como um dos componentes imprescindíveis da cultura humana, Murcia (2005, p. 9) ressalta que:

O jogo é um fenômeno antropológico que se deve considerar no estudo do ser humano. É uma constante em todas as civilizações, esteve sempre unido á cultura dos povos, a sua história, ao mágico, ao sagrado, ao amor, a arte, a língua, a literatura, aos costumes, a guerra. O jogo serviu de vínculo entre povos, é um facilitador da comunicação entre os seres humanos.

Dentre todas as contribuições ofertadas ao desenvolvimento do ser humano, o jogo possui grande relevância em função de viabilizar condições para o aprendizado e entre estas se destaca um aspecto fundamental que é a socialização, onde através das quais os indivíduos constroem seu leque de conhecimentos mediatizadas pelas relações que estabelecem com o meio.

Nas pesquisas de Murcia (2005, p. 11), evidencia-se o jogo como uma atividade natural de todo ser humano, ressalta que: “essa palavra está em constante movimento e crescimento, e faz parte de nossa maneira de viver e de pensar; o jogo é sinônimo de conduta humana”.

Neste processo é necessário lembrar que desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos e mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade e satisfação pelo que faz, dando, portanto, real valor e atenção às atividades vivenciadas naquele instante. Nas pesquisas de Pinto e Lima (2003, p. 5) verifica-se que:

A brincadeira e o jogo são as melhores maneiras de a criança comunicar-se sendo um instrumento que ela possui para relacionar-se com outras crianças. É através das atividades lúdicas que a criança pode conviver com os diferentes sentimentos que fazem parte da sua realidade interior. Ela irá aos poucos se conhecendo melhor e aceitando a existência dos outros, estabelecendo suas relações sociais.

Como se observa o jogo é um estímulo tanto para o desenvolvimento do intelecto da criança quanto para sua relação interpessoal, fundamental para o processo de aprendizagem infantil. Assim sendo, quando jogam ou criam os seus próprios jogos, as crianças terão uma compreensão maior de como o mundo funciona e de como poderão lidar com ele à sua maneira. Os jogos, portanto, podem ser afirmações do que está acontecendo, ou representações do que as crianças entendem.

No que consiste aos tipos de jogos, é importante destacar que são normais às expressões como: jogo tradicional e jogo popular, como se constata nos estudos de Murcia (2005, p. 110):

O jogo tradicional é aquele transmitido de geração em geração, quase sempre de forma oral. De pais para filhos e de filhos para netos; de crianças mais velhas para crianças menores. (...) O jogo popular faz referência ao que procede do povo, por isso se define o ‘jogo popular’ como aqueles que ‘são praticados pelas massas e não necessariamente são jogos tradicionais, mesmo que com o tempo possam se perpetuar.

Na visão deste autor, verifica-se que os jogos podem ser classificados por diferentes nomenclaturas dependendo da sua origem no meio social e cultural do povo. Contudo, o jogo está inserido em diversos contextos e modalidades, onde conforme o mesmo autor, também se destaca os jogos folclóricos por evidenciarem um leque de manifestações oriundas da realidade sócio-histórica de uma dada sociedade.

Quanto à utilização do jogo, este pode ser direcionado a uma clientela bem diversificada e com diferentes idades, as pesquisas de Brougère (2004, p. 13) evidenciam que: “O jogo pode ser destinado tanto à criança quanto ao adulto: ele não é restrito a uma faixa etária. Os objetos lúdicos dos adultos são chamados exclusivamente de jogos, definindo-se, assim, pela sua função lúdica.” Portanto, os jogos podem ser utilizados por qualquer pessoa.

Os jogos em suas diversas fases contribuíram sensivelmente com os aspectos formativos dos seres humanos, tendo em vista que na Educação Infantil o mesmo serve como recreação, favorecendo a aprendizagem da leitura e escrita e, ao mesmo tempo, pode ser utilizado como recurso para adequar o ensino ás necessidades infantis.

Conforme a vasta oportunidade de recursos que envolvem o lúdico, não se pode perder de vista o referencial da cultura, que por sua vez, é muito importante, pois retrata a história de um povo e nesse contexto, o jogo tem um elo de ligação com historicidade dos antepassados da humanidade que deixaram um legado de modalidades lúdicas que servem como entretenimento e lazer.

Não deixe de ler o artigo na íntegra:
Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/imagens/artigos/diario/ARTIGO%20JIANE%20JOGO1.pdf

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